quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

DENGUE: ACABAR COM O MOSQUITO E PUNIR OS CULPADOS

- Por Celso Argolo, bancário e dirigente sindical *


Será que o gestor do município e a secretária de saúde não têm sentimentos? Quantas vidas serão necessárias se perder para que admitam que há uma epidemia de dengue na cidade. Como até agora só morreu pobre, então vão desmentindo. Ontem estive acompanhando a sessão especial da Câmara e não vi nenhuma novidade, exceto os representantes da Sesab defendendo a Secretaria Municipal de Saúde. Todavia, não precisa ser muito inteligente para observar as contradições. A Secretária de Saúde, Sra. Stela e o Médico representante da Sesab, Dr. Ricardo Gouvéia, apontavam que todas as ações recomendadas pelo Ministério da Saúde foram executadas e que os relatórios encaminhados para a Sesab, apresentando índice inferiores a 1 e que no Joaquim Romão o maior índice foi de 0,64, portanto, não indicavam risco de epidemia, apontando que tudo estava sob controle. O vereador Luiz Brito questionou então o porquê desta situação instalada em Jequié se tudo estava sendo feito de acordo as recomendações, com apresentação de relatórios se nem o telefone 0800 funciona, estas fontes são confiáveis?
Elaborar relatórios é muito fácil, só é dizer o que querem. O importante é não perder os recursos, os resultados sociais ficam em segundo plano. Quem fiscalizará? A Sesab? Como?
Desde a descentralização e a extinção da FUNASA e a transferência dos serviços para os municípios um dia esta bomba iria estourar. Os recursos são repassados e o município desenvolve as ações, ficando difícil para a União fiscalizar a todos, restando apenas a confiança e a capacidade de cada cidadão acompanhar, o que também é difícil…
Outro fato que nos chamou atenção foi a vinda da Coordenadora Epidemiológica do Estado, Dra. Alcina Andrade, que raramente se desloca aos municípios, só em caso de extrema necessidade. Também está aqui em Jequié, juntamente com Dr. Ricardo, o representante da Defesa Civil do Estado, Sr. Antonio Rodrigues. Este foi realista dizendo que devemos nos preocupar porque esta não é uma situação comum, e a sua vinda é um sinal de que a real situação não é nada boa para a população jequieense.
Houve negligência da SMS sim, sobretudo, por manter apenas 53 Agentes de Endemias até o ano passado só agora que está com 153 para fazer todo o trabalho de endemias, número aquém das necessidades e urgência que o quadro requer. Foram também substituídas as enfermeiras coordenadoras dos PSF’s, preparadas e experientes, por enfermeiras recém-formadas, além das várias substituições na coordenação da vigilância epidemiológica da SMS. Certamente todas estas medidas equivocadas contribuíram para que esta situação se agravasse.
No município, temos pessoas competentes, a exemplos do Sr. Rafael e Adolfo, da FUNASA, da enfermeira Eliene Galvão, do quadro da secretaria que poderiam estar contribuindo com as ações de combate à dengue. Porém, a auto-suficiência e as questões políticas não permitem que estas pessoas possam, de forma efetiva e direta, desenvolver as atividades. Enquanto isto, algumas pessoas já morreram e outras tantas podem vir a óbito por conta desses caprichos.
Sabemos que não é hora de procurar culpados, afinal, encontrando o culpado não acabaremos com o mosquito. Todavia, devemos acabar com o mosquito, sem perder de vista a necessidade de responsabilizar os culpados e puní-los.


*Celso Argolo - bancário, dirigente sindical, Bel. Ciências Contábeis, diretor da FEEB-BA/SE e Coord. do Fórum Sindical de Jequié. [Fonte GICULT]

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