quarta-feira, 28 de março de 2012

PALAVRAS: Saudades da Inocência

Saudades de minha adolescencia, quando a amizade era real, onde um conhecia o outro a ponto de decidir pelos dois.

Falta hoje aquela amizade onde conhecemos o outro melhor que a nós mesmos; sabemos o que faz, o que gosta, onde anda, quanto ganha, como gasta, onde mora, onde trabalha, quem são seus pais, seus irmãos, familiares, amigos, bichos de estimação.

Sinto falta daquela amizade onde um não vive sem o outro, onde os melhores momentos são divididos, os momentos de alegria e de tristeza são sentidos por ambos, divididos sem malícia, sem maldade, sem ambição, sem preconceito, onde booling nada mais é que carinho.

Sinto falta daquela amizade onde não se diz o que sente em uma caixa digital através de um texto programado, calculado, medido, conferido num dicionário virtual, mas aquela em que se olha olho no olho e diz a verdade, mesmo sabendo que o amigo(a) vai chorar, mas sendo sincero o bastante para receber um abraço apertado de gratidão, de amor sincero sem preconceito, sem hora marcada, sem armação, sem segundas intenções.

Sinto falta de algo que não voltará nunca mais.

Temos milhares de amigos e nem sabemos onde moram, não temos permisão de conhecer seus mínimos desejos, quanto mais sonhos, fantasias, ideologias... Os amigos hoje se escondem atrás de uma tela vazia, onde a verdade se perde em meio aos chips e os sentimentos são camuflados pelas publicidades subliminares dispostas nos textos e imagens compartilhados sem, em sua maioria, nem ter a noção do conteúdo e motivo real daquilo.

Somos hoje uma geração de faceboquianos, de orkutianos, de tuwiteiros, de sonhadores do mundo utópico.

Somos uma geração de mentes vazias sem amor, sem compaixão, sem motivos para sorrir sinceramente, presos em nossa angustia de um sonho social vazio, pois a confiança foi minada pelos milhares de fios tecnológicos que conectam nossas mentes em um mundo globalizado onde não existem carrinhos de rolimã, nem piões na areia, ou gudes, disputas de figurinhas, coleções de carteiras de cigarro, picula, pega-pega, esconde-esconde ...

Hoje a juventude só pensa em sexo, dinheiro, drogas, beijo triplo, quadruplo... Hoje vivemos a banalização do corpo, das palavras, dos sentidos, onde o mais nobre é o mais rico, é o mais bonito, o mais garanhão. Meninos e meninas não convivem mais como humanos, mas como animais no cio em busca do prazer. Convivem como seres inferiores cheios de adrenalina.

Saudades de algo que não volta mais: A inocência! - Wagner Miranda

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