domingo, 30 de março de 2025

Deus Não é Um Banco: A Verdade Que Ninguém Fala Sobre Dízimo e Prosperidade

Longe de mim dizer o que cada um faz com seus recursos. Mas associar doações a bênçãos garantidas é transformar Deus em um simples banqueiro, quando Ele mesmo nos alertou sobre o apego a bens materiais, pois a traça e o ferrugem corroem. Ele mesmo disse que a verdadeira riqueza está nos céus.

Muitas igrejas utilizam cartões para controlar quanto cada membro contribui em dízimos e ofertas — uma forma de fiscalizar o erário alheio —, e na igreja que frequentei por 33 anos (Igreja Adventista) haviam dois homens completamente opostos: um muito rico e outro muito pobre. Ambos eram dizimistas fiéis.

O pobre vivia de um salário modesto, sustentando a esposa e seus três filhos. Às vezes, eu mesmo o ajudava, chegando a dar-lhe dinheiro para que pudesse pagar o dízimo, quando lhe faltava até para o pão de cada dia. O outro, abastado, não precisava de ajuda de ninguém, vivia repleto de "bênçãos" — tanto que chegou a gravar seu testemunho em vídeo, no qual afirmava que Deus o enriquecia por ser fiel nos dízimos. Era um grande empresário, morando em mansão, com carro do ano, mesa repleta... Enquanto isso, o pobre coitado, vivia em um casebre na periferia, sobrevivendo de cestas básicas, com sua bicicleta velha, amarrada de arame, trabalhando de sol a sol para pagar as contas e ainda assim garantir o dízimo. Mas as tais bênçãos nunca vieram, e segundo a liderança da igreja era por ele estar em falta com Deus!

Até hoje, ambos permanecem na mesma situação: um rico e outro pobre (e ambos fiéis ao dízimo!). Eis a questão. Conheço bem os dois. O pobre nunca se envolveu em nada ilegal, sempre foi um homem íntegro. Se fez algo errado, foi tão bem escondido que ninguém sabe. Já o "abençoado", com seu testemunho de fé divulgado pela igreja, esconde um passado sombrio — e eu, como outros, sei muito bem de onde vem seus recursos. Que "deus" é esse que o abençoa tanto? A Polícia Federal que o diga. E quantos abençoados ainda não caíram na malha fina!?

Citei esse caso para mostrar que as supostas bênçãos materiais atribuídas ao dízimo podem não ser tão divinas quanto parecem. E poderia mencionar pelo menos outros trinta exemplos assim, onde alguns "abençoados por deus-Zebu" continuam dizimistas fiéis em suas "igrejas santas" e sendo usados como “prova da ação divina”. Que divino!?

Se dízimo garantisse riqueza, os fiéis das igrejas mais pobres do Brasil já seriam milionários — e os traficantes que doam para congregações estariam na lista da Forbes. A realidade, porém, expõe a falácia: o mesmo Deus que "abençoou" o irmãozinho empresário (do vídeo) deixou o zelador fiel na miséria. Ambos dizimavam, mas só um enriqueceu — e a PF mesmo sabe de qual "milagre" veio esse dinheiro. A Bíblia, aliás, nunca prometeu prosperidade material como recompensa por dízimos. Pelo contrário:

  • Jesus alertou que "onde estão os seus tesouros, aí estará seu coração" (Mateus 6:21) — não que "onde está seu dízimo, aí estarão seus iates".
  • Paulo vivia "aflito, mas não em extrema pobreza" (2 Coríntios 6:10), e nenhum apóstolo acumulou bens.
  • O próprio Abraão, modelo de fé, não recebeu ouro por dizimar — apenas a promessa de uma terra futura (Hebreus 11:8-10).
A teologia da prosperidade inverte os valores do Evangelho: transforma Deus num "banqueiro celestial" que cobra 10% de juros e paga com carros importados. Mas o Cristo que expulsou os vendilhões do templo (João 2:15) dificilmente aprovaria igrejas que emitem "comprovantes de dízimo" para fiscalizar fiéis enquanto ignoram o órfão e a viúva (Tiago 1:27). E quanto aos "abençoados" como o empresário? A Bíblia responde:
  • "Não há paz para os ímpios" (Isaías 48:22) — mesmo que finjam devoção, Deus não lhes dará o verdadeiro retorno.
  • "Muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor!’. E eu lhes direi: ‘Nunca os conheci’" (Mateus 7:23).
Fidelidade a Deus não se mede em cifras. Se as "bênçãos" do dízimo fossem reais, o zelador honesto teria comida na mesa, e não um cartão de controle de contribuições.

O argumento de que "quem dizima é automaticamente abençoado com riquezas" não só é falso, mas contraria os ensinamentos centrais da Bíblia. A Palavra de Deus mostra que a verdadeira bênção não vem de uma transação financeira, mas de uma vida de fé, justiça e amor ao próximo:

1. O Dízimo Não é um "Investimento" com Retorno Garantido

A Bíblia nunca promete riqueza material em troca de dízimos. Na verdade, ela adverte contra a ganância e o apego ao dinheiro:
  • "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem" (Mateus 6:19).
  • "O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (1 Timóteo 6:10).
Jó, por exemplo, era um homem fiel e generoso, mas perdeu tudo (Jó 1:20-22). Sua bênção não estava em bens, mas em sua fidelidade a Deus mesmo na adversidade.

2. A Bênção de Deus Vem da Obediência Diária, Não Apenas do Dízimo

Deus valoriza o coração sincero e as obras de justiça mais do que o dinheiro dado por obrigação:
  • "Misericórdia quero, e não sacrifícios" (Oséias 6:6).
  • "A religião pura e imaculada diante de Deus é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições" (Tiago 1:27).
A viúva pobre (Marcos 12:41-44), por exemplo, deu tudo o que tinha, enquanto os ricos davam do que lhes sobrava. Jesus não a recompensou com dinheiro, não a abençoou com riquezas, mas elogiou sua fé genuína.

3. Muitos Fiéis Sofreram Pobreza e Perseguição – e Foram Abençoados Assim Mesmo

A Bíblia está cheia de servos de Deus que não tiveram riquezas, mas foram profundamente abençoados:
  • Paulo passou fome, foi preso e sofreu naufrágios, mas disse: "Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação" (Filipenses 4:11-13).
  • Lázaro (Lucas 16:20-22) era um mendigo fiel, mas morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão, enquanto o rico egoísta foi para o tormento. 
A vida eterna e a alegria em Deus são mais importantes do que as riquezas terrenas, pois o que Deus valoriza é a compaixão e a solidariedade, portanto dificilmente abençoaria alguém com riquezas terrenas onde a traça e a ferrugem corroem, colocando em risco a salvação daquela alma que pode se apegar a esses bens chamados de bênçãos.

4. O Verdadeiro Propósito do Dízimo: Gratidão, NÃO BARGANHA

O dízimo não é um PAGAMENTO para receber bênçãos, mas um ato de reconhecimento de que tudo vem de Deus:
  • "Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa" (Malaquias 3:10).
    • O contexto aqui não é enriquecimento pessoal, mas sustento da obra de Deus e cuidado com os necessitados, assim como o fazem os judeus sem cartãozinho de controle dos dízimos e ofertas e nem salvas pra saber quanto cada um está doanto. A doação é feita em um local, sem que os líderes monitorem os doadores, pois o pacto não é com a igreja, mas com o próprio Deus que em segredo dará as bênçãos conforme o coração de cada um e não conforme a conta bancária.
Se dízimo garantisse riqueza:
  • Os apóstolos (que deixaram tudo para seguir Jesus) seriam os mais ricos.
  • As igrejas pobres da África estariam cheias de milionários.
A Verdadeira Bênção Está na Fidelidade, Não no Dinheiro. Deus abençoa não porque damos dinheiro, mas porque O amamos e obedecemos a Ele em tudo:
  • "Buscai primeiro o Reino de Deus, e as demais coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33).
  • "Deus não julga pelas aparências; Ele vê o coração" (1 Samuel 16:7).
Portanto Dízimo é um ato de fé, não um seguro de prosperidade. A bênção maior é a paz, a comunhão com Deus e a vida eternanão um carro novoQuem usa o dízimo como barganha está seguindo a lógica do mundo, não a de Cristo. Então se você continua insistindo que "dízimo traz riqueza", me responda:

❓ "Por que então Jesus não tinha nem onde dormir?" (Lucas 9:58).

❓ "Por que tantos fiéis honestos continuam pobres mesmo sendo dizimistas fiéis?"

❓Por que igrejas na Coreia do Norte (onde cristãos são perseguidos) não viram a ‘prosperidade’ dos megaempreendedores da fé?" 

Lembre-se que Deus não é um banqueiro, não aceita PIX de barganha. Ele é Pai – e Suas bênçãos vão muito além do dinheiro. Deus não patrocina ostentação. Ele valoriza generosidade sem interesse. Ele nunca prometeu BMW, muito pelo contrário, Ele foi claro de que devemos buscar primeiro o Reino de Deus (Mateus 6:33) e para isso deveríamos vender nossos bens e doar aos pobres (Lucas 12:33), pois o apego aos luxos terrenos é um risco para salvação e afirmou que feliz é o pobre de espírito (Mateus 5:3), pois este reconhece a própria insuficiência espiritual e a necessidade de depender de Deus para a direção, sustento e salvação. Ele avisa qeu não sejamos orgulhosos, presunçosos ou convencidos, pois a salvação está nos detalhes.

Mas vamos para os dados, já que Segundo o IBGE, 60% dos evangélicos no Brasil ganham menos de 2 salários mínimos. Será que eles NÃO dizimam ‘direito’? E é muita gente já que 92% dos brasileiros se declaram cristãos!

E a Grande Ironia é que quem defende essa teologia SEMPRE Lucra! Pastores que pregam ‘dê 10% pra Deus’ não vivem com "10% do próprio salário". Eles usam jatinho, enquanto o fiel paga dízimo do auxílio-maternidade. Conveniente, né? A 'indústria da bênção' esquece de avisar que ajudar o pobre é ajudar o próprio Jesus (Mateus 25:35-40). Então fico na dúvida: Dar o dízimo ao pastor para viver no luxo é mais importante que dar ao pobre que representa o próprioo Jesus através do meu ato de doar!?

🛑 Finalizo:

"Você já viu algum líder religioso abrir mão de seus luxos para viver como os apóstolos?"

Se você acha que dízimo traz riqueza automática, experimente: Doe 10% do seu salário para um ORFANATO, para os pobres (não para a igreja) este mês. Mas fique preparado porque seu pastor pode mandar a cobrança divina!

by Wagner Miranda

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails