O Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de 2003, elaborado pelo deputado federal Chico Alencar, (PSOL - RJ) e pela vereadora de São José dos Campos Ângela Guadagnin (PT - SP), com o objetivo de resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao "Dia das Bruxas", ou Halloween, de tradição cultural celta - Ô inveja!
Anteriormente, leis semelhantes foram aprovadas pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo. O Estado de São Paulo oficializou a data com a Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004. Outros dez municípios paulistas, além da capital, já haviam feito o mesmo: São Luiz do Paraitinga (onde a festa dedicada ao saci dura quase duas semanas), São José do Rio Preto, Guaratinguetá e Embu das Artes. Em municípios de outros Estados brasileiros, o Dia do Saci foi oficializado: em Vitória (Espírito Santo); Poços de Caldas e Uberaba (Minas Gerais); Fortaleza e Independência (Ceará) e Florianópolis (Santa Catarina).
Esse afrodescendente, pobre, brasileiro, com necessidades especiais, fumante ativo, que não tira o cachimbo da boca, usa gorro púrpura e apronta travessuras com pessoas e animais, é nada mais que uma variação de duende vinda para o Brasil em navios negreiros, mas é provavelmente uma atualização de um mito indígena, como a maior parte das lendas e folclore brasileiros. Ao se espalhar por diferentes partes do Brasil, ganhou as características atuais, com forte influência africana. Monteiro Lobato foi um responsável direto pela fama do Saci, personagem sempre presente nas aventuras do Sítio do Pica-pau Amarelo e protagonista de livros e pesquisas do escritor. Com sua trupe de curupiras, iaras, mulas-sem-cabeça, tupãs, cucas, o Saci-pererê se tornou o personagem mais famoso do folclore brasileiro, mas não conseguiu ganhar o mundo.
Conta a lenda que Saci perdeu a perna numa roda de capoeira, e que é um profundo conhecedor das ervas e suas características medicinais, passando todo o tempo pregando peças nas pessoas, escondendo objetos, trançando crinas e rabos de cavalos e assustando os animais. Não há, porém, diz-se, maldade na astúcia do Saci, que se locomove dentro de um redemoinho. É possível, inclusive, aprisioná-lo em uma garrafa, se conseguir pegá-lo com uma peneira e tirar seu gorro.
Existe até a Capital Nacional do Saci, a cidade de Botucatu, no interior de São Paulo. Lá fica a sede da Associação Nacional de Criadores de Saci, e é comum os moradores garantirem que já viram ou criam seus próprios sacis (huahuahua).
Então, feliz Dia do Saci e que o Brasil continue tentando suplantar lendas milenares esmagando suas datas com festejos nacionalmente importantes.
Wagner Miranda
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